Sou adepto de tecnologias que criem um uso para aparelhos antigos ou aparelhos que não são tão tecnológicos assim. Não acho viável ter um SUPERAPARATO tecnológico que não ajuda em nada no dia-a-dia de uma empresa ou mesmo de uma casa. Toda a automatização que eu faço, tem uma utilidade prática. Se não me ajuda, nem perco meu tempo. Este é o caso de uso do meu alarme JFL BRISA 4 PLUS. Eu tinha um equipamento que estava em vias de ser jogado fora, mas usei um pouco de “malemolencia” para dar uma sobrevida ao alarme. Veja uma imagem do aparelho:

Link para o site do fabricante: https://jflalarmes.com.br/familias/central-de-alarme-convencional/

Esta central de alarmes foi um presente de um amigo que não usava mais. Ele mudou para um apartamento e acabou se desfazendo da central. Isso deve ter uns 10 anos. Portanto estamos falando de uma central com tecnologia de 10 anos atrás (pelo menos). Como a onda de violência em nosso país está cada vez maior, ter um alarme em casa é meio que necessidade hoje em dia.

Não vou entrar em muitos detalhes sobre o funcionamento de uma central. Isso pode mudar de aparelho para aparelho e de fabricante para fabricante. O que quero relatar aqui é como eu fiz a minha central de alarme ficar um pouco mais “inteligente”.  Quem já utilizou uma central de alarme deve saber que ela tem diversas características que a tornam um aparelho muito interessante para quem gosta do mundo do Arduino. Abaixo vou descrever as características da minha central:

l  Discador de telefone em caso de disparo do alarme

l  8 zonas de alarme

l  Bateria para falta de alimentação na tomada

l  Arma e desarma por telefone

l  Compatível com sensores por fio e sensores sem fio

l  Utiliza-se controles remotos para armar/desarmar

Essas são as principais características que nos interessam. A central está instalada em casa como manda o manual, com os sensores ligados, os controles configurados e a linha de telefone fixada. Infelizmente a minha central sofreu um problema elétrico, queimando a mesma. Consegui recuperá-la trocando alguns díodos, mas a parte do telefone não teve jeito. Estava com uma central que não podia mais monitorar pelo telefone.

Como eu queria fazer uma experiência, fui entender melhor o funcionamento do aparelho e analisar como poderia aproveitá-lo com minha automação em casa. Verifiquei que os seguintes pontos deveriam ser abordados para automatizar a central:

 

l  Armar e desarmar a central por celular;

 

l  Saber se o alarme está armado;

 

l  Saber se a sirene disparou.

 

Esses são os três itens essenciais que eu pretendia para meu alarme. Para cada um deles, utilizei uma abordagem um pouco diferente que pretendo relatar agora.

 

Armar e desarmar a central

A central funciona com o esquema de arme e desarme. A central armada significa que ela está com os sensores acionados e ficou em um estado em que uma alteração neles faz com que a sirene dispare. O acionamento do ARME da central pode ser feita através dos controles de rádio do alarme ou através da digitação do código de usuário diretamente na central. Olhando o manual, identifiquei que uma das saídas dos sensores pode ser configurada para virar um botão de acionamento do alarme. É o encaixe da ZONA 4. Veja a figura abaixo onde está localizada a ZONA 4 nos BORNES de encaixe (Z4):

 

 

Para armar ou desarmar o alarme, basta um pulso negativo neste pino que o alarme funciona. Usando o SONOFF modificado para rele de contato seco, eu ligo um fio em um pino negativo, conecto ele no SONOFF e a saída eu ligo no encaixe Z4, ficando como na imagem:

 

Nesta configuração, quando o RELÉ do SONOFF fizer contato, o alarme arma ou desarma.

 

Saber se a central está armada

Esse é outro ponto crítico. Preciso conseguir identificar se a central está armada através do meu celular. Para isso, verifiquei que temos um pino na central chamado LED. Quando a central está armada, este pino tem energia. Só tem um problema: a voltagem dele é 12V e as entradas do SONOFF são 3,3V. Tentei usar este pino para acionar um relé, mas a corrente dele foi insuficiente. O que fiz então foi uma bela gambiarra: usei um transistor para converter a voltagem dele em 3,3V. O transistor em questão é o KIA78D33.

Fiz a seguinte ligação:

No pino de entrada do KIA adicionei a saída do LED do alarme. Uni o pino terra (pino central) com o terra (GND) do SONOFF e a saída do KIA liguei no pino de entrada do SONOFF. A ligação ficou assim:

 

Dessa forma, quando o alarme estiver armado, haverá tensão no pino RX (GPIO3), indicando um pulso 1 na entrada.

 

Verificar evento de disparo do alarme

Esse é um item muito importante para o nosso monitoramento: saber quando o alarme disparar. Para esse item, usei a saída CH-CH do alarme. Essa saída é um relé de contato seco que pode ser configurado para acionar junto com a sirene, ou seja, em caso de disparo do alarme, essa saída fecha contato. Liguei um fio do terra (GND) do SONOFF em um pino dessa saída e o outro contato na porta GPIO1 do SONOFF. Quando a sirene é acionada, eu tenho o contato fechado na GPIO1 para o GND.

Veja na imagem a ligação:

 

Para que tudo isso funcione, preciso ainda configurar o ESPEASY do SONOFF. Veja como coloquei os sensores:

 

Note que foram colocados como se fossem botões. Apenas o botão de acionamento do ARME não foi colocado, pois isso fica a cargo do HOMEASSISTANT. Sobre ele, não é meu intuito falar aqui, pois usei desta forma. Se você utilizar um SONOFF com firmware original, o controle dele será feito através do EWELINK, configurando-o para usar pulso. Assim você poderá controlá-lo de onde estiver. Infelizmente, com o EWELINK ainda não consigo monitorar o estado do alarme, coisa que faço com o HOMEASSISTANT.

Veja abaixo o resultado da minha solução em casa (estou filmando o monitor pois não tinha outro celular disponível para filmar o meu):